domingo, 27 de outubro de 2013

FILME: CRIME E CASTIGO


O que leva uma pessoa a cometer um crime? 
Pobreza, situação social, vontade, superioridade, ganância? 
E qual é a consequência desse crime? 
Podemos listar diversos casos onde o criminoso era um psicótico que não conseguia parar de matar ou um pai de família, tentando conseguir comida para os filhos. 
E as consequências podem ser prisão, morte, ou até liberdade sem nenhuma suspeita. Dependendo do caso, tudo ou nada pode acontecer. 
A reflexão sobre o que leva alguém a cometer um crime e o que acontece com essa pessoa é o que Fiodor Dostoiévski faz em um de seus mais famosos romances, 
Crime e Castigo.

Uma das obras mais importantes da literatura mundial por ser um verdadeiro ensaio psicológico das personagens, uma qualidade ímpar dos escritores russos. A trama, à primeira vista, é um romance policial: descobrir um assassino. Assassino esse que está revelado ao leitor desde o início. Seria um romance policial comum se a narrativa não se fizesse transcorrer numa teia envolvente de personagens e tramas paralelas capazes de prender o leitor não mais para a resolução do caso, mas para a resolução dos dramas humanos que o autor propõe. Sem dúvida, trata-se de uma história única capaz de produzir sentimentos diversos e intensos para quem a lê. E se você ainda não está convencido sobre a importância desta história, basta dizer que Crime e Castigo é considerado por muitos, e importantes críticos literatos, como o grande romance de todos os tempos. 


 Primeiro romance do autor traduzido 
para línguas da Europa Ocidental.
 Publicado pela primeira vez em 1866.

A história relata a angústia e o sofrimento vividos por 
Ródion Románovitch Raskólnikov, um jovem estudante de direito 
que comete um duplo homicídio na tentativa de provar sua tese de que há homens superiores, aos quais é permitido transgredir a lei, sem estarem sujeito à ética tradicional. Ele então mata uma velha agiota e sua irmã para roubar seu dinheiro e, assim, poder retomar a carreira e ajudar a família.

O ex-estudante, inteligente e orgulhoso, decide assassinar velha, crente de que estaria fazendo um bem às pessoas que faziam negócios com ela. Mas também mata sua irmã, uma mulher boa que nunca lhe fez mal. É a reação dele a esse crime que permeia todo o resto da narrativa de Dostoiévski, mostrando sua apreensão quanto à descoberta de seu ato e como esse nervosismo agia em seu corpo e mente. Raskólnikov fica ainda mais receoso de ajuda, fechado e ranzinza, vendo o mundo de forma mais vil enquanto tenta se desligar do ocorrido, tornando-o um acontecimento sem importância. Aqui surge Razumíkin, ex-colega e amigo do protagonista que procura ajuda-lo, mas vira alvo de suas grosserias. Uma das “boas” personagens da trama que, apesar do tratamento que lhe é dispensado, não deixa de zelar pelo amigo. 
Acreditando fazer parte do primeiro segmento, Raskolnikov se coloca
acima da lei e de regras morais ou sociais. Decidido a testar sua teoria e 
coragem, ele mata uma pessoa.
Mas o assassinato não é cometido ‘pela simples curiosidade científica’.
 Raskolnikov precisa de dinheiro. Atrasado com seu aluguel e tendo
 poucos recursos, ele frequenta a casa de Alyona Ivanovna, que 
trabalha com penhor. A ideia de matá-la o persegue ao mesmo 
tempo em que o assusta. Mesmo assim, planeja os detalhes 
de sua execução. 

O assassinato é apenas o início. A partir do momento em que Raskolnikov comete o crime, ele começa a ser castigado por sua consciência. O processo psicológico pelo qual ele passa em função das crises morais, que o levam a um estado de paranóia, é a trama principal da história. Para conseguir conviver com sua consciência, Raskolnikov estabelece diálogos com ela, buscando argumentos que justifiquem seus atos. Suas teorias são confrontadas pela religião, pela moral pública e pela lei. Pressionado pelas investigações policiais e por sua relação com uma prostituta,  Raskolnikov ainda precisa lidar com a família e com sua situação financeira.

É importante ressaltar a forma com que Dostoiévski narra, permeando a história com tramas paralelas, fazendo suas personagens se perderem em raciocínios que dão voltas na cabeça do leitor, mas que sempre retomam o tema principal do livro. Por meio de diálogos e transcrevendo pensamentos, o autor caracteriza as personagens, mostrando seu real caráter e conduzindo a trama com seus apontamentos. Certamente, uma forma bem cansativa de narrar que tira as forças do leitor, mas vale a pena pelo estudo aprofundado de cada personagem, servindo como crítica e reflexão do comportamento humano.
"…autor da teoria da superioridade das mulheres encontradas na miséria, e cujo o marido deve ser o protetor…”
”…Não me disse nada, limitando-se a olhar-me em silêncio…Um olhar que não era deste mundo, porém do céu, pois só lá em cima é que se pode sofre assim pelos homens, chorar por eles, sem condená-los.”
”…Quanto mais bebo, mais sofro. E porque quero sentir, e sofrer mais, é que sou dado à bebida. Bebo para sofrer melhor, mais profundamente.”
”…aceitar o destino com resignação, aceitá-lo tal qual, de uma vez para sempre, e eliminar todas suas aspirações, abdicando, definitivamente de todo o direito de viver, agir, amar.”
“…Entende, entende bem, meu caro senhor, o que significa não ter mais aonde ir?”
”…Porque todo homem deve ter um lugar aonde ir…”

Mas na cabeça do protagonista ainda há a duvida quanto ao que fez. 
Sua teoria do assassinato por um bem maior, 
uma transgressão necessária, é verdadeira ou ele deve se jogar à culpa, ver que o que fizera era, em todos os sentidos, um crime? Ele merecia ser severamente punido por isso? 
Dostoiévski se estende minuciosamente em todos os 
pensamentos das personagens, principalmente aos do
 jovem assassino. E também cria diversas tramas que 
trabalham valores e moral do homem que incrementam ainda mais a história.



Crime e Castigo é denso, demorado, e por vezes confuso por conta das voltas que Dostoiévski dá com suas tramas paralelas. São muitas personagens e diversas histórias que transportam o leitor para longe da ação principal, mas que ao mesmo tempo acrescentam mais à compreensão de quem é Raskólnikov. Ele cria uma personalidade forte e faz o leitor entender o que o ex-estudante pensa e faz. Todas as criações de Dostoiévski são ricas, seja em suas ações ou em seu psicológico, que montam uma trama onde cada pessoa tem sua importância. Não digo que a leitura é obrigatória por ela ser um clássico, mas por tratar as personagens de forma tão completa.
Este filme é simplesmente sensacional!
Enredo e personagens interessantes,desfecho 
surpreendente.
Para quem gosta de ler romance, 
este é indispensável
Tutora 
Maria Rosa

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