terça-feira, 26 de novembro de 2013

Prática Pedagógica Interdisciplinar IV - Disciplina do Bloco V


LITERATURA NA FORMAÇÃO DO LEITOR

"Quem me dera fossem minhas palavras escritas. 
Que fossem gravadas num livro, com pena de ferro 
e com chumbo.Para sempre fossem esculpidas na rocha! 
 (Jó 19:23/24)

O que é ...o que é...
Leitura? Leitor? Literatura? 

“As coisas que a literatura pode buscar e ensinar são poucas, mas 
insubstituíveis: a maneira de olhar o próximo e a si próprio, de 
relacionar fatos pessoais e fatos gerais (...); a literatura pode ensinar a 
dureza, a piedade, a tristeza, a ironia, o humor e muitas outras coisas 
assim necessárias e difíceis. (Italo Calvino)

Literatura é arte, poesia, cultura, sonho, realidade...
 É o desafio de transformar o comum em belo e tornar
 o inatingível em atingível.


O autor Antônio Cândido denomina literatura de forma simples e total. - Ele a vê como manifestação universal de todos os homens em todos os tempos. 

Chamarei de literatura de maneira mais ampla possível, todas as criações de toque poético, ficcional ou dramático em todos os níveis de uma sociedade; em todos os tipos de cultura, desde o que chamamos de folclore, lenda, chiste, e até as formas mais complexas e difíceis da produção escrita das grandes civilizações. (CANDIDO,p,112, 1989)


LEITURA

Gostar de Ler, ter prazer com a leitura, entregar-se a uma viagem pelos livros... são expressões que nos inspiram sentimentos semelhantes. Fazem pensar que a leitura é um processo que depende apenas de uma vontade inicial ou uma experiência vivida de forma livre, espontânea, que, para acontecer, precisa apenas de dois elementos: o livro e o leitor.

A tarefa de formar leitores supõe um trabalho permanente que supera 
o circunstancial e implica num acompanhamento contínuo. 
Um trabalho que requer a definição de objetivos, o planejamento
deestratégias, a avaliação permanente das ações, a revisão
 contínua dos objetivos iniciais, seja para reafirmá-los ou para
 ajustá-los à realidade e assim concretizar novas estratégias
 necessárias para a consecução das metas traçadas”.

O próprio ato da leitura consiste em aprender a perguntar. Lendo,
 estamos automaticamente perguntando a nós mesmos, ao livro, 
à linguagem, à cultura, a tudo e a todos, estamos formulando
 perguntas que nem sempre temos ocasião de fazer, que nem
 sempre temos consciência de que precisamos fazer.
 (Elogio da leitura)

Como se tornar um leitor? Só lendo!

Essa estimulação deve partir sempre da valorização do conhecimento de mundo que as crianças têm.  Numa sala heterogenia, há que se esperar todos os tipos de 
situações que o aluno traz. Essas situações devem ser valorizadas para 
que ele possa construir significado. Caso contrário, incorremos no
 erro de perder tempo passando informações que, para
 eles, não têm valor nenhum. Construir significado deve ser o
 objetivo de uma aula de leitura. 
Com certeza, essa aula vai ter um gosto de
 “quero mais”.


A leitura é a base de toda educação e uma habilidade importante para o desenvolvimento pessoal e profissional. Além de aumentar seu conhecimento, a leitura fortalece suas habilidades em gramática e alarga seu vocabulário. Mas, muitas vezes, ler pode ser algo difícil e cansativo, transformando-se até mesmo em frustração. As habilidades de uma pessoa na leitura, como a compreensão e velocidade, são diretamente relacionadas aos seus hábitos de leitura. Alguém que costuma ler raramente não terá facilidade em leituras mais complexas e que exigem maior concentração. 

Propósitos para uma boa Leitura



CONCEPÇÕES DE LEITURA E O DESAFIO DE SER LEITOR

Há três concepções de leitura:

A leitura é entendida como processo de decifração da escrita. Ler é identificar sinais gráficos, o som e o sentido. Nesta concepção, a leitura é a decifração da escrita. MARTINS (1982, p.9) a define “ como um gesto mecânico de decifrar sinais.

A leitura é entendida como processo de compreensão, adotando aspectos cognitivos pelos quais extraímos o sentido do texto. A leitura deixa de ser um objeto mecânico. Nesta concepção o processo de leitura extrapola o processo de decifrar explorando também a cognição.

A  leitura é vista como um processo de interpretação. É um fenômeno social. Ler é interpretar com os próprios olhos, a partir de uma perspectiva e da experiência pessoal.




Literatura na Formação do Leitor

Segundo Sonia Kramer, é importante observar a distinção entre vivência e experiência: na vivência, há mera reação aos choques da vida cotidiana, a ação se esgota no momento de sua realização (por isso é finita); na experiência, o que é vivido é pensado, narrado, a ação é contada a um outro, compartilhada, se tornando infinita. Esse caráter histórico, de ir além do tempo vivido e de ser coletivo, constitui a experiência. Mas o que significa entender a leitura e a escrita como experiência? (…) Quando penso na leitura como experiência (…) refiro-me a momentos em que fazemos comentários sobre livros ou revistas que lemos, trocando, negando, elogiando ou criticando. O que faz da leitura uma experiência é entrar nessa corrente onde a leitura é partilhada. Leitura deve ser acompanhada de prazer.

                         

No Brasil, ocorrem problemas no que se refere à constituição de sujeitos leitores. O hábito e o prazer de ler estariam, desta forma, sofrendo sérias restrições.


Formamos leitores ou eles se formam?

O desenvolvimento do gosto/prazer pela leitura, visando à formação integral do leitor, tornou-se um constante desafio, difícil de superarmos em função, sobretudo, de práticas de leitura desiguais, no que diz respeito ao acesso e às formas de se conceber e de se produzir a leitura.

Saber ler não é suficiente para transformar uma nação. 
É preciso ler mais.
E leitores são formados, basicamente, com literatura. Isso porque a literatura é a palavra expressa em arte, alimento essencial do imaginário.”


Para formarmos leitores, precisamos ter prazer; o prazer da audição, de se encontrar consigo mesmo, de ser ator e espectador, mesmo que ela ainda não saiba ler. Daniel Pennac, em seu livro Como Um Romance, revela-nos os dez direitos imprescritíveis de um leitor:

 1. O direito de não ler.
 2. O direito de pular páginas.
 3. O direito de não terminar um livro.
 4. O direito de reler.
 5. O direito de ler qualquer coisa.
 6. O direito ao bovarismo (doença textualmente transmissível).
 7. O direito de ler em qualquer lugar.
 8. O direito de ler uma frase aqui e outra ali.
 9. O direito de ler em voz alta
10. O direito de calar.


É importante que esses direitos estejam incorporados às práticas cotidianas do leitor, propiciando-lhe informações culturais e oportunidade de se apaixonar pelas leituras e pelos livros, dando alimento à sua imaginação. Proporcionando o máximo de conforto e liberdade, pretende-se despertar o desejo e o prazer de ser um verdadeiro leitor.



Portanto, no processo de formação de leitores, estes SE FORMAM, 
a partir de sua realidade local, do papel fundamental 
desempenhado pelo contexto e pelas experiências 
prévias na constituição do leitor

Não compete à escola didatizar a leitura, quando empreende a tarefa de formação de leitores, também não lhe deve competir a de pedagogizar o texto literário, muito menos a de encerrá-lo apenas nos muros dos livros didáticos. Em outras palavras, livros à mão cheia é o que a escola precisa cultivar, e deixar que os leitores, por meio de sua criatividade e disponibilidade, façam as suas escolhas!

Fechado, um livro é literal e geometricamente um volume, 
uma coisa  entre outras. Quando um livro é aberto e
 se encontra com o seu  leitor, então ocorre o fato
 estético. Deve-se acrescentar que um mesmo
 livro muda em relação a um mesmo leitor, 
já que mudamos tanto.

Grande parte das crianças e dos jovens só tem acesso a livros de literatura quando ingressa na escola. Cabe, então, a esses espaços de leitura a promoção de condições que possibilitem o contato pleno com os livros, preparando o caminho para a leitura literária que se quer ampliada a cada ano da escolaridade. Sabe-se que essa preparação é fundamental para o prosseguimento do gosto pela leitura literária nos anos seguintes ao da formação inicial

Cabe a nós, estarmos conscientes da importância da Literatura, é nosso papel de amparar, reerguer, reavivar os sentimentos, valores e atitudes que poderão renovar a confiança em dias melhores.Várias são as formas de reconduzir o barco da Literatura na direção do sucesso da aventura humana, uma delas é lançando um olhar mais atento às grandes histórias e seus ensinamentos com maior competência.

De um modo geral, as obras literárias têm como uma de suas peculiaridades a capacidade de romper a barreira do tempo e do espaço, preservando uma impressionante atualidade. Os grandes clássicos da Literatura, por exemplo, recebem essa denominação por retratar em suas narrativas, grandes questões universais com a habilidade, o talento



O gosta pela leitura vem de um processo que se inicia no lar. 
Mesmo antes da aprendizagem da leitura, a criança
 aprecia o valor sonoro das palavras
Aprende a Gostar

Segundo Paulo Freire (1981), o ato de ler é importante, pois demonstra uma maneira particular de ler o mundo. A maneira como enxergamos o mundo se modifica quando adquirimos o hábito da leitura, pois a leitura verdadeira é a que relê a realidade, ou seja, revela uma visão crítica sobre o mundo. A leitura do mundo não surge com a prática de leitura de textos, a leitura do mundo como dizia Paulo Freire (1981) antecede a leitura da palavra. Assim, antes mesmo de alguém ler uma palavra, já existe uma leitura de mundo que irá basear a leitura da palavra.

Já disse Orlandi (1996) citando Rimbaud “que todo texto pode 
significar tudo, há uma determinação histórica que faz com que só alguns 
sentidos sejam 'lidos' e outros não”. Com isso, podemos entender que
 essa determinação histórica é a cultura que transforma nossos olhos em 
grandes lentes no qual enxergamos o mundo. 


Para amar um livro e a leitura é necessário que aquela leitura “toque” o leitor em algum momento, para isso ocorrer deve fazer relação com sua vida. O leitor só passará a se apaixonar pelos livros a partir do momento que isso lhe suscitar emoções, ou seja, uma leitura sem sentido, somente para realização de provas não forma leitores. 
.
A melhor maneira de começar a sonhar é por meio dos livros...


Leitores e Literatura na Escola

Como pensar as relações entre literatura e escola em tempos como os nossos?
É possível (e mais: é desejável) potencializar a 
literatura na formação de crianças 
e jovens, pela via educacional?
Que mudanças são necessárias? 
O que sabemos, podemos e queremos em 
relação às práticas escolares
 atinentes à literatura? 
Qual o papel da literatura na educação e, particularmente, na escola? 

Nas últimas quatro décadas, tem havido intensa discussão sobre literatura e educação e uma crítica ferrenha às práticas escolares de (não)leituras literárias. 

Ao contrário do ensino de língua — que, aos poucos, vai se renovando —, a literatura na escola resiste às mudanças e se vê relegada a lugar secundário e sem força na formação das crianças, dos adolescentes e dos jovens. O que se ensinaria se de fato se “ensinasse literatura”? 

O que se ensina hoje na escola quando se ensina literatura, tendo como premissa que, quando dizemos “literatura”, estamos pensando no texto literário e não em outra coisa — 




Como virar um leitor

Não existe um caminho único para se tornar um leitor literário. Você pode começar
 por textos simples do ponto de vista linguístico e depois passar para os
 mais complexos - ou iniciar por temas próximos e partir 
para os mais distantes. "E há os que preferem os 
grandes desafios desde o princípio porque sabem 
que eles têm algo a oferecer,nem que
 seja a estranheza",

Um bom caminho para alavancar o gosto pelos livros é procurar uma comunidade de leitores (podem ser os professores da escola, os amigos, os parentes - o importante é encontrar gente que goste de ler). Ao compartilhar as impressões sobre uma leitura passamos a saber os significados que a obra tem para os outros, o que enriquece nosso repertório". Outra vantagem desse diálogo permanente é a troca de indicações de textos e autores.


O leitor literário lê por razões variadas: rir, refletir, investigar, 
relembrar, chorar e até sentir medo. 
Lê porque mergulha no que autores e personagens pensam e sentem - 
no passado, presente ou futuro, em lugares distantes ou que nem sequer existem.
Lê porque as narrativas literárias o ajudam a refletir sobre a vida e a 
construir significados para ela.

Um bom leitor para mim é aquele que não se preocupa com quantidade (...) Ele apenas lê e lê por prazer, porque gosta do hábito da leitura, e nunca por obrigação. 


LEITOR, LEITURA E ESCOLA:
 CONCEPÇÕES DE MEDIADORES DE LEITURA 


O espaço escolar não deve ser considerado sozinho como responsável pela formação do leitor, tampouco como único lugar onde haja uma mediação de leitura estimulante, visto que essa mediação pode e deve ser exercida em outros espaços, como o familiar, eclesiástico, empresarial, entre outros. Contudo, ainda se percebe a importância e responsabilidade da escola na formação de leitores, em especial daqueles que não possuem outros modelos de leitura adequados, como os alunos provenientes das classes socioeconomicamente menos favorecidas. 

Acredita-se que “a escola, pelo menos nas últimas 
décadas e para grande parte da população brasileira, 
tem-se constituído na principal via de acesso
 à leitura e à escrita  (...)”. 




A literatura infantil, segundo a teoria da literatura, realiza a função formadora 
do leitor crítico, já que essas obras apresentam qualidade literária, 
e que a partir dessa literatura o leitor vai tomar consciência
 do que é real ou imaginário, e a partir dessa consciência, 
ele vai perceber todas as possibilidades 
existentes em um texto literário


De acordo com Bamberguerd (2000) a criança que lê com maior desenvoltura se interessa pela leitura e aprende mais facilmente, neste sentido, a criança interessada em aprender se transforma num leitor capaz. Sendo assim, pode-se dizer que a capacidade de ler está intimamente ligada a motivação. Infelizmente são poucos os pais que se dedicam efetivamente em estimular esta capacidade nos seus filhos. Outro fator que contribui positivamente em relação à leitura é a influência do professor. Nesta perspectiva, cabe ao professor desempenhar um importante papel: o de ensinar a criança a ler e a gostar de ler..

A convivência da criança com a literatura faz com que seja desde muito cedo adquirido o gosto ou pelo menos o interesse da criança para com a literatura e que com esse despertar surja desde criança um leitor e não um mero reprodutor de textos literários.

A literatura abre possibilidades para a criança ir se constituindo, ao mesmo tempo, alfabetizada e leitora uma vez que respeitando a idade, o ritmo e o nível de
 aceitação da obra, considerando sua história individual, a criança mais
 cedo ou tarde fará sua ligação do cotidiano e suas inferências.

 O mais importante é o professor estar bem preparado para ser o mediador entre o leitor e o livro literário. É preciso mostrar para o seu aluno o quanto é importante que após a leitura de qualquer texto que seja, que ele tenha uma opinião formada
A participação da família se torna importantíssima na formação desse leitor, a participação do pai ou mãe juntamente com a escola fortalece muito mais essa interação, deixando a criança encorajada, de forma que ao ler determinado texto a sua opinião seja ouvida, que não é apenas o professor que tem a resposta certa e sim que ao ler, ele também terá sua opinião válida.

Portanto, o professor tem que ser o mediador dessa formação do leitor
 literário, que carrega uma obrigação de estar sempre pesquisando
 e principalmente lendo, pois com isso, ele passará aos seus 
alunos e futuros leitores a percepção
 de que ler é uma coisa boa e não apenas 
uma obrigação escolar.

Um leitor competente é alguém que, por iniciativa própria, é capaz de selecionar, dentre os trechos que circulam socialmente, aqueles que podem atender a uma necessidade sua. Que consegue utilizar estratégias de leitura adequada para abordá-los de forma a atender a essa necessidade.

                               




Ainda acabo fazendo livros onde
 nossas crianças possam morar.
 (Monteiro Lobato) 

Óculos de leitura: A literatura e os leitores jovens





O “crescimento” dos leitores não corresponde exatamente à faixa etária, mas ampliação de repertórios de leitura literária construídos desde a infância, passando pela adolescência e chegando à juventude, de acordo com interesses múltiplos que abrangem os formais, os de gêneros, os de temáticas preferidas, sem rupturas nitidamente demarcadas que separariam essas fases da vida em etapas estanques.

É ainda possível chorar sobre as páginas 
de um livro, mas não se pode derramar lágrimas 
sobre um disco rígido."
- José Saramago -


Ler é conhecer lugares que nunca esteve, é viver coisas do passado ou mesmo
 vislumbrar junto com personagens um futuro. Lembrem-se, o aprendizado da 
leitura é um processo infinito que é configurado pelo contato com livros. 
A prática da leitura faz do leitor buscar cada vez mais
 complexidade para o crescimento de nossa capacidade de 
interpretação e abstração. Na leitura identificamos 
personagens, lugares e diversas estórias.

Tutora
Maria Rosa

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

LITERATURA UNIVERSAL - Disciplina do Bloco V -2013


Meu lema é: a linguagem e a
 vida são uma coisa só.
        (João Guimarães Rosa)

A literatura trata de textos que possuem uma preocupação estética
que provoca prazer e conhecimento por seu conteúdo, forma e organização. 
Por ser uma expressão do homem é um
 bom meio de comunicação, porque explora todos
 as partes da linguagem

A literatura também pode ser um conjunto de textos escritos, sejam eles de um país, de uma personalidade, de uma época, e etc.

Compreender os significados históricos e culturais da literatura de uma

 determinada civilização requer, primeiramente, considerar quais
 fatores históricos foram determinantes na formação desta civilização 
e as possibilidades de influências culturais externas.


É uma literatura que serve para todo o mundo. Por exemplo: a Biblia
Tanto ricos como pobres, do esmisfério norte ou do sul, podem utilizar 
com a mesma propriedade


As obras literárias nos ajudam a compreender sobre nós mesmos e sobre as mudanças do comportamento do homem ao longo dos séculos; e, a partir dos exemplos, ajudam-nos a refletir sobre nós mesmos.


Durante um período de mais de mil anos, os gregos criaram uma literatura de tal 
qualidade que poucas vezes se igualou e nunca se superou até o dia de hoje.
 Os escritores gregos criaram obras com os seguintes gêneros:


POESIA:  Épica, Didática e Lírica. 
PROSA: Histórica e Filosófica. 
TEATRO: Tragédia e Comédia 

Gêneros que  inspiraram, influenciaram e mudaram a seus leitores de todas as épocas.

 Hoje, pode-se dizer que  serve, ao longo de séculos, de inspiraçãoapoio e guia, pois nunca teremos uma ideia completa do que foi a literatura grega. 

O que temos é um pouco como os destroços desse grande e lento naufrágio
 de uma literatura que se estendeu do séc. VIII a.C. ao séc. IV d.C, ou seja, 
aproximadamente 1200 anos.

                                                     
  Estudo de histórias, personagens e elementos bíblicos que influenciaram
 o Cânone Ocidental. Conceituação das matrizes formadoras das culturas
 e literaturas no ocidente. Leitura crítica e debates acerca de algumas das
 mais importantes obras da Literatura Ocidental

A contribuição da Literatura da Grécia para a formação da Literatura do Ocidente, não se resume apenas às estrofes e versos da Ilíada e da Odisseia, atribuídos a Homero. É também de origem grega o nascimento da dramaturgia europeia e consequentemente da arte cênica ocidental. Também tiveram papel relevante na formação da Literatura Europeia os poetas líricos, Hesíodo, Pausânias e outros que fixaram mitos antigos da cultura helênica. A Filosofia, a História (adotada como disciplina por Heródoto) e até mesmo a Medicina, cuja literatura foi fixada por Hipócrates e as Religiões e suas práticas, entre outras contribuições

 A Literatura Grega foi fundamental, iniciando-se com os poemas 
A Ilíada e Odisseia, atribuídos a Homero, caracterizando a sociedade 
da Grécia Antiga.

       
Base da Literatura ocidental
 Várias são as heranças recebidas da Literatura grega, se destaca o emprego da escrita (alfabética), que se dá por volta do século VIII a. C. – época arcaica. A Ilíada, de Homero, é considerada a origem primeira da poesia épica no Ocidente, perpetuando nos dias de hoje.
 Massaud Moisés (1984) ressalta as características épicas “por um tom majestoso e mesmo religioso, e por conter as sublimes façanhas dum herói”, característica essa, geradora da figura de heróis ainda nos dias atuais, presentes nas novelas, filmes, romances, etc.

A literatura grega antiga se baseava essencialmente na poesia, lírica e épica
numa época em que a palavra era indissociável do canto e da dança.
A escrita, ainda que existente, desempenhava papel secundário.
Hoje, ainda se usa a voz, o gesto e a música como envolvimento
 do público, nos teatros, nas apresentações
 em público, nas Igrejas, nas Universidades, etc.


LITERATURA LATINA

É uma das mais ricas e que mais contribuiu para  o desenvolvimento
da Literatura Universal
Inicia-se com o estudo da filosofia, da letra e das belas-artes

  1. Literatura latina ou romana é o nome que se dá ao corpo de obras 
  2. literárias escritas em latim, e que permanecem até hoje como um 
  3. duradouro legado da cultura da Roma Antiga.

O início efetivo da história da literatura latina se dá por volta do século II a.C., quando o Império Romano, através de seu exército e de suas conquistas, leva o latim arcaico falado na região do Lácio a toda Itália e posteriormente Grécia, Oriente, África, Gália. O documento mais antigo que se tem conhecimento é uma inscrição do século VI antes de Cristo


A Literatura Latina, através do livro Eneida, de Virgílio, traz semelhanças 
com a narrativa de A Ilíada, porém, conta a história da fundação de Roma
através de Eneias, fugitivo da Guerra de Troia


A herança grego-romana é ampla, pois suas influências ainda permanecem nos dias de hoje, através do uso da oralidade, na escrita e na forma de utilizara personagem herói. 
As narrativas universalizastes dos latinos e dos gregos ainda perpetuam em nas narrativas atuais, onde o herói tem caráter universal (bom, preocupado com o bem de todos…) e no final, algumas vezes, acaba por vencer o “mal”.

As obras da literatura grega antiga são datadas entre o séc. VIII a.C. e o séc. IV d. C., ou seja, aproximadamente 1200 anos de tradição literária ininterrupta. Neste curso nos concentraremos especificamente no Período arcaico, quando foi composta a Ilíada.


                                         

Ilíada - Homero - primeiro livro da literatura Ocidental

É um poema épico cuja autoria é atribuída a Homero, poeta grego, do século VIII a.C. Nesta obra, o autor descreve a Guerra de Troia  (entre gregos e troianos)  (traição e guerra)  em vinte cantos,  que  teve  como  figuras  importantes  o  apaixonados  Páris  e  Helena  e  o guerreiro Aquiles.


A Ilíada, é um poema  composto de 24 cantos escritos em versos, cujo tema é um episódio da guerra de Troia. A ação se passa no nono ano do cerco imposto a Troia pelos 
gregos, centrando em Aquíles, cuja ira foi provocada pelo rapto de sua 
escrava Briseida e pela perda de seu amigo íntimo, Pátroco
Este foi morto por Heitor em combate e teve o seu corpo 
arrastado pelo mesmo para o torno do túmulo de Pátroco, 
que terminou por restituí-lo a Príamo, rei de Troia e pai da vítima. 
Aquiles porém é em seguida morto por Páris  

Lendo Ilíada

Ei-lo, o poema de assombros, céu cortado
De relâmpagos, onde a alma potente
De Homero vive, e vive eternizado
O espantoso poder da argiva gente.

Arde Troia... De rastos passa atado
O herói ao carro do rival, e, ardente,
Bate o sol sobre um mar ilimitado
De capacetes e de sangue quente.

 Esse amor que ora ativa, ora asserena 
A guerra, e o heroico Páris encadeia 
Aos curvos seios da formosa Helena.
                                                                                                                                       


Odisseia

A Odisseia é composta de 24 cantos, cuja ação começa pelo fim, já decorridos dez anos após a guerra de Troia

A Odisseia é consagrada ao retorno de Ulisses, que durante 10 anos, 
afrontou perigos na terra e no mar, antes de poder chegar ao reino de Ítaca. 
O mar é quase que o personagem principal, onde Ulisses batalhou como herói, 
em esforços para voltar para casa.

Na primeira parte, “Telemaquia”, Telêmaco parte a procura do pai. Na segunda parte, “Volta de Ulisses”, recolhido após um naufrágio, pelo rei Alcino, ele relata suas peregrinações que o levaram até o Ciclope de um olho só, devoradores de homens, e como ele e sua tripulação o cegaram, a fim de fugirem de seu poder. Conta também como foi protegido por seu próprio fascínio mágico, forçando a feiticeira Circe a quebrar o encanto que tinha transformado sua tripulação em porcos. Conta ainda como foi aos infernos, o mar das sereias e como  conseguiu proteger a sua tripulação tampando seus ouvidos com cera de abelha  e se amarrando com cordas ao mastro do navio, de forma que não pudesse mexer-se enquanto estava  sob o encanto das sereias e não forçasse sua tripulação à remar em direção da morte. Conta ainda histórias da ninfa Calipso.

A segunda parte, intitulada Nova Assembleia dos deuses, trata da libertação do herói Ulisses por Calipso

E na terceira e última parte “a Vingança de Ulisses”, de volta a Ítaca Ulisses disfarça-se de mendigo e chega ao palácio, invadido pelos pretendentes à mão de sua esposa Penélope; ela, porém declara que só se casará com aquele que conseguir manejar o arco de Ulisses; nessa oportunidade, então, ele se dá a conhecer e massacra os pretendentes.

A epopeia comporta um aspecto coletivo que visa transmitir um conjunto de narrativas tradicionais relacionadas com a ordem do mundo e da comunidade, ordem cuja existência e estabilidade são frutos de proezas divinas de heróis excepcionais. A epopeia descreve-se então por longas narrativas poéticas de aventuras heroicas.

            

Embora Homero seja o primeiro autor que chegou até nós, 
certamente havia outros poetas épicos 
antes dele, dos quais nenhuma
 obra inteira sobreviveu.


A LITERATURA GRECO –ROMANA E A LATINA

As narrativas universalizantes dos latinos e dos gregos ainda perpetuam nas narrativas atuais onde o herói tem caráter universal (bom, preocupado com o bem de todos…) e no final, algumas vezes, acaba por vencer o “mal”.


A Literatura Romana é reflexo da Literatura Grega que, por sua vez, reflete 
a cultura que gerou o padrão cultural e intelectual do mundo ocidental
Assim, o conhecimento e interpretação dos fatores históricos, culturais,
 filosóficos e psicológicos que regeram a Literatura Grega permitem aos 
ocidentais do século XXI um mergulho profundo em suas raízes.


A importância do estudo da Literatura Greco-romana não se restringe ao simples conhecimento histórico, já que o contato com a Literatura mais influente do mundo ampliará, certamente, a visão que temos de toda a literatura mundial, do seu berço até a atualidade.


Três grandes períodos da Literatura Latina


Origem: Período Arcaico (século II a.C.) quando existiam apenas rudimentos de poesia especialmente de caráter religioso e heróico, como exemplos: Carmina fratrum arvalium (hinos para benzer os campos), Carmina convivalia (cantos durante os banquetes), Carmina triunphalia (exaltação das vitórias), Nenine (lamentações fúnebres) – na fase Primitiva (753 a 250 a.C.) 

Apogeu: Período Áureo (101 a.C. a 14 d.C.) que tem dentro de si a chamada fase Clássica (81 a.C. a 68 d.C.) a qual apresenta as mais importantes obras da literatura latina, marcada pela era cristã e que onde se destacaram poetas como Virgílio (“Eneida”), Horácio (famoso pelos versos e expressões que se tornaram memoráveis: “carpe diem, este modus in rebus, odi profanum vulgus, exegi monumentun aere perennius” entre outras), 


Decadência: Período Imperial ( 14 a.C. a 313 d.C.) é reconhecido como o período de decadência na literatura romana, pois o governador Otávio Augusto morre, e por esse motivo o regime republicano acaba. Com a presença ainda da fase clássica, tendo como representantes alguns teóricos como Sêneca o grande dramaturgo, Juvenal com suas obras satíricas  e entre outros. 

F A S E S
A clássica, apresenta as mais importantes obras da literatura latina marcada pela era cristã, onde se destacam poetas como Vírgílio, Horácio, Ovidio, Catulo, Lucrécio, Julio Cesar, Cícero.

A Pós-Clássica, estende-se até a queda definitiva do império romano, e que é marcada pelos modelos de perfeição artística dos períodos áureos das literaturas grega e romana. Destacam-se Tertuliano, Minúcio Félix, Cipriano, Arnóbio e Lactâncio, além dos “Padres da Igreja”: Santo Ambrósio, São Jerônimo e Santo Agostinho

                            Alguns deuses  da literatura Antiga Grega e Latina

O contato com essa tradição literária nos ensina que os seres humanos são 
apenas parte, embora a mais consciente da teia da vida.
 Para os gregos, fazemos parte de um todo superior, regido por deuses,
 que dá sentido a nossa vida.


OBRA CLÁSSICA OCIDENTAL ANTIGA


TRAGÉDIA GREGA

A peça Antígona, de Sófocles, marcou a História e vem sofrendo as mais variadas 
interpretações ao longo dos séculos. Trata-se de um ícone da tragédia grega, que demonstra as contradições presentes na natureza humana, além de suscitar uma profícua reflexão jurídica por abranger temas sobre organização social, modos de governar, discussões sobre justiça, dicotomia entre direito natural e direito positivo, sobre a distinção entre o que é legal e moral, alternativas para resolução de litígios, dentre outros. 
Deste modo, mostra-se imperioso conhecer um pouco mais acerca dessa obra, que já se tornou patrimônio da humanidade, bem como compreender os liames jurídicos que transparecem ao longo da peça.


Esta peça pode, didaticamente, ser dividida nas seguintes partes: 

a) o diálogo entre Antígona e sua irmã, Ismena, acerca do decreto tirânico de Creonte;
b) a reiteração do conteúdo deste decreto por parte de Creonte, quando este ordena seus guardas a não terem piedade de quem infringir a ordem do rei;
c) a descoberta da violação do decreto por parte de Antígona; 
d) a discussão desta com Creonte;
e) o diálogo deste com seu filho, Hémon; 
f) o diálogo de Creonte com o adivinho Tirésias; 
g) o desfecho trágico da peça.



O livro conta a estória de Antígona que desejava sepultar o irmão, Polinice, apesar da proibição do rei Creontes, que o considerava merecedor de tal fim por ter atentado contra a pátria. Inconformada com o édito real, Antígona declara que, pela leis dos deuses, seu irmão seria digno da cerimônia fúnebre. Então, desobedecendo à lei dos homens, representada por Creonte, 




Antígona vai e enterra o seu irmão. Por causa disso é condenada
 à pena de morte. A orgulhosa recusa de Creonte em ouvir o apelo
 do filho, Hemon, da opinião pública, e até do sábio adivinho Tirésia,
 para poupar a vida de Antígona, resulta num desdobramento
 terrivelmente trágico.

Estrutura da obra: A obra é foi escrita para uma peça teatral, composta de cinco episódios, sendo que, entre um episódio e o seguinte, ocorre o estásimo que é a entrada do coro em cena, cuja função, normalmente, é dar informação ao público sobre o assunto da peça.

Síntese : Édipo, antigo rei de Tebas, teve dois filhos, Etéocles e Polinice, os quais, após lutarem entre si pela sucessão real, acabaram morrendo. Com isso, o tio deles, Creontes, foi coroado rei de Tebas. Ocorre que o novo rei concedeu a Etéocles uma cerimônia fúnebre digna de um herói da pátria. Quanto a Polinice, disse que ele tinha atentado contra a pátria. Portanto, seu corpo deveria ficar à céu aberto, sem sepultamento, para que fosse devorado pelos abutres e animais selvagens. Antígona, irmã de Polinice, ao saber disso, revela à sua irmã, Ismênia, que não iria aceitar tal situação pois, de acordo com a crença da época, a alma do seu irmão não iria ter uma transição tranqüila no mundo dos mortos, caso seu corpo não fosse corretamente sepultado. Antígona, ao ser alertada de que sofreria a pena de morte, caso desobedecesse à ordem do rei, respondeu que, pela lei divina, seu irmão merecia ser sepultado. Numa atitude desafiadora, ela enterra o seu irmão, sendo, logo em seguida, detida e levada à presença de Creontes. Trava-se então um debate entre os dois: de uma lado a ré, tendo como sua defesa o cumprimento às leis dos deuses, as quais são mais antigas e, segundo ela, superiores às terrenas, e de outro lado o inquisidor, que tenta mostrar que ela agiu errado, explica seus motivos e razões. Inflexível diante do argumento de Antígona, Creontes a condena à pena de morte. Hemon, o filho do rei, que iria se casar com Antígona, soube da condenação. Imediatamente foi ao encontro do pai e apresentou suas súplicas para que a vida dela fosse poupada. Disse-lhe também que a opinião pública não aprovava a morte de Antígona. Então Creontes responde-lhe nos seguintes termos: “E a cidade é que vai prescrever-me o que devo ordenar?” e “Acaso não se deve entender que o Estado é de quem manda?”. Creonte não se curva nem diante da presença de Tirésias, sábio adivinho respeitado por todos em Tebas. Ele adverte Creonte sobre a sua teimosia, e que a ira dos deuses estava para cair sobre a sua vida. Após a partida do adivinho, Creontes é finalmente convencido pelo coro a libertar Antígona e sepultar Polinices. Mas é tarde demais! Uma série de eventos trágicos já tinha se iniciado. Antígona já tinha se suicidado. Hemon, ao saber da sua morte, também se suicidou. O mesmo fez a mãe de Hemon, Eurídice, ao receber a notícia da morte do filho querido. Creonte, assim, foi condenado a viver o resto de sua vida atormentado pelo peso dessas mortes, algo que poderia ter evitado se não tivesse sido tão rígido, orgulhoso e impiedoso.

Análise CríticaNessa obra podemos descobrir vários temas. O primeiro deles é a luta entre o direito natural e o direito positivo, representados, respectivamente, por Antígona e Creontes. Quando Antígona apela para a lei dos deuses, está fazendo referência a leis que existiam antes mesmo que qualquer código legal fosse escrito. Eram preceitos que estavam escritos na consciência do povo comum desde tempos imemoriais, os quais eram superiores às leis criadas pelos homens. Assim, de acordo com a sua interpretação, o ato de ter enterrado o irmão, embora representasse uma violação à lei dos homens, com certeza estava de acordo com a lei dos deuses. Já para Creontes, como dizem os positivistas modernos, "vale o que está escrito na lei". A lei imposta pelo Estado deve ser obedecida a qualquer custo, sob pena de traição à pátria. Nenhuma concessão poderia ser feita àqueles que descumpriam a lei da cidade. Os teóricos do direito moderno, têm tentado conciliar essa duas correntes, pois sabem que um direito extremamente positivado é desumano, e um direito, que se diz puramente natural, geralmente carece de bases objetivas e de consenso  isto por depender de ideias muito subjetivas e metafísicas. Daí “em cada cabeça uma sentença”. O segundo tema trata do perigo, que todo governante corre, de sucumbir ao orgulho e tornar-se um tirano. Os líderes ditatoriais e totalitários, que a história nos deu a conhecer, na sua maioria, experimentaram o total fracasso. Isso porque acabaram se esquecendo do bem comum e da finalidade social das leis. As maiorias tragédias que a humanidade já conheceu, tiveram origem em políticas autoritárias: as guerras mundiais, os genocídios étnicos, as perseguições políticas, etc.





Trazendo para o dias de hoje
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Antígona representa os cristãos que defendem a existência 
de leis morais absolutas e universais, de origem 
divina, e que não podem ser violadas. 
São leis que protegem a família e vida, escritas nas consciência 
moral de todo indivíduo são.

Creontes representa o governo iníquo que quer aprovar leis que contrariam mais de 70% da população, leis iníquas fundamentadas meramente na vontade do homem.

Mas, como disse Antígona, a lei divina é superior à lei 
dos homens, seja neste mundo ou no outro


A presença da literatura como um divulgador da história, costumes e influência de determinado tempo, origem dos gregos e dos romanos, ainda perpetua de maneira acentuada nos nossos dias. Os usos da filosofia, da mitologia e das artes ainda estão presentes na literatura e permanecerá por mais tempo.


Tutora
Maria Rosa