Relato de experiência apresentado ao Curso de Licenciatura Plena em Letras
Português pelas acadêmicas, Taiane, Eleuza, Vinoran, Mônica e Evilânia,
como requisito parcial para obtenção de nota da disciplina Prática Pedagógica Interdisciplinar IV da Universidade Estadual do Piauí / EaD/UESPI
Orientadora: Tutora a distância Maria Rosa
“Escrever é doar ao mundo aquilo que existe
dentro do seu mundo".
dentro do seu mundo".
Introdução
O estágio supervisionado de observação
realizado no decorrer da disciplina Prática Pedagógica Interdisciplinar IV teve
como objetivo principal analisar a leitura literária na escola e suas
implicações para o processo de formação do leitor.
Esta prática foi realizada em turmas do
Ensino Médio na Unidade Escolar Hermínio Barreira - UEHB, em São Gonçalo do
Gurguéia- PI.
O período de observação possibilitou a
verificação e reflexão dos métodos utilizados no incentivo à leitura. Além da
observação das aulas, foi aplicado um pequeno questionário para saber como a
professora trabalha a disciplina Literatura.
O desenvolvimento desta prática é de
fundamental importância para a formação dos alunos do curso de Letras
/Português, pois, refletir acerca da natureza e do papel do texto literário na
formação do leitor é indispensável.
De
fato, é o texto literário que possibilita ao leitor mergulhar no universo
ficcional; identificar-se com personagens, fatos históricos e culturais;
vivenciar injustiças sociais; conhecer lugares e épocas anteriores ao seu
nascimento; experimentar a catarse e, quando voltar à tona, encontrar-se numa
terceira margem, da qual poderá rever-se, ampliando seu conhecimento de mundo e
de si mesmo.
As práticas de leitura literária devem priorizar
a interação do leitor com o texto e parte do horizonte de expectativas do aluno
na seleção de obras. Isso motiva o aluno a viver a leitura como um momento de
interação com o texto, ao apresentar obras com as quais ele pode se identificar
e permitir que atribua sentidos a partir de suas vivências; instrumentaliza o
aluno para outras leituras, pois enfoca a estrutura e o funcionamento dos
textos artísticos, contribuindo para o desenvolvimento de competências de
leitura e escrita dos alunos; estimula o hábito da leitura, ao proporcionar a
aproximação entre alunos e textos literários; e contribui para a formação de
cidadãos, ao colocar o estudante em contato com o conhecimento humano e
linguístico presente na obra literária.
Como escrevia Jacinto do Prado Coelho,
"não há disciplina mais formativa que a do ensino da literatura. Saber
idiomático, experiência prática e vital, sensibilidade, gosto, capacidade de
ver, fantasia, espírito crítico - a tudo isso faz apelo à obra literária, tudo
isto o seu estudo mobiliza". Portanto, o contato dos alunos com a
Literatura deve ser profundo e significativo, a ponto do aluno perceber as
outras funções da literatura.
Desenvolvimento
A Unidade Escolar Hermínio Barreira,
localizado no bairro Sol Nascente, Centro, S/N – CNPJ. 07.841.021.0001/89,
possui 07 salas de aulas, 01 diretoria, 01 cantina completa, 02 banheiros para
os alunos e 01 para os funcionários, 01 bebedouro, 01 geladeira na secretaria,
02 armários e 03 fichários, 01 data show para aulas diferenciadas, ventiladores
em todas as salas, 01 laboratório de informática tendo 10 computadores, com ar condicionado
no mesmo, 01 laboratório de ciências e tecnologias, 01 computador administrativo.
Quanto ao quadro de funcionários da
escola, 01 diretora, 01 coordenadora, 01 supervisora, 01 secretário, 13
professores, 231 alunos. Na escola existe um ambiente bom entre os funcionários
e alunos, a diretora tem um ótimo autocontrole com os servidores e alunos, uma
favorece que a escola tenha um bom desempenho.
A escola procura desenvolver atividades tais como: palestras, reuniões, ações
solidárias, atividades culturais, formaturas... com o objetivos de manter um bom relacionamento e
integrá-la, envolvendo a participação dos pais na vida escolar dos filhos.
Na Escola, o Conselho
Escolar formado por representantes de todos os segmentos, os quais atuam junto
com a Direção da escola. A Gincana Estudantil é uma das formas de organização
dos educandos onde a escola oportuniza o desenvolvimento de lideranças,
realizando um trabalho voltado ao lazer, cultura e esporte.
No que se refere ao
espaço de reflexões dos alunos, é oportunizado aos mesmos, momentos de vivencia
através de palestras, programações especiais que tragam mensagens que vão ao
encontro do que a escola se propõe a desenvolver. Quanto aos momentos de
reflexões que envolvem toda a comunidade escolar, são feitas reuniões, onde se
discutem assuntos referentes à aprendizagem dos alunos. Busca-se reunir forças
entre família e escola com o objetivo de melhoria na educação. A escola tem
como filosofia Espírito de liderança e responsabilidade, pois acredita-se que a
responsabilidade fornece condições para as mudanças, crescimento e
transformação, visando o crescimento integral do ser humano.
Quanto ao ensino da
leitura literária nota-se que enfrenta muitas dificuldades. Primeiro, a
biblioteca existente é mal equipada tanto em termos de acervo quanto ao espaço
físico. Este fato, por si só, dificulta a formação de leitores já que o
ambiente escolar deve disponibilizar um ambiente propício à prática da leitura
e obras dos mais variados gêneros para que possa atender os anseios e
interesses dos alunos.
Outro fator que inibe a
formação de leitores é a utilização do texto literário para o ensino dos
conteúdos programáticos determinados pelos programas curriculares. Portanto, O
ato de ler deve, necessariamente, estar desatrelado de qualquer
obrigatoriedade, tarefa ou avaliação ortodoxa imposta pelo professor-currículo.
A partir da observação
da realidade escolar quanto ao ensino da leitura literária, sugere-se prática
alternativa de formação de leitores:
O professor deve se
preocupar com a criação de projetos de leitura que devem ser desenvolvido junto
aos alunos, que deverão participar ativamente desde o processo de seleção dos
livros que serão utilizados até a efetivação do projeto. Podendo sugerir um nome
a esta prática de acordo com a criatividade da turma. Os alunos terão a
oportunidade de apresentar, aos colegas, textos que consideram interessantes e
de diferentes gêneros. Poderão contar piadas, recitar poesias, contar lendas,
fazer dramatizações de textos literários, fazer exposições, entre outras
práticas que despertem o desejo pela leitura. Esta prática visa a criação e o
cultivo de vínculos entre leitor e literatura e poderá ser realizada. Esta
prática poderá ser realizada várias vezes por mês dependendo do interesse do
professor, do desempenho dos alunos e do calendário escolar.
O professor, também,
deve está ciente que as práticas de leitura podem potencializar ou inibir o
despertar do prazer pela leitura:
Práticas
de leitura que potencializam o despertar do prazer de ler
|
Práticas
de leitura que impedem o despertar do prazer de ler
|
Ø
A
prática de leitura deve ser concebida como uma atividade livre; estar
desatrelada de qualquer obrigação, tarefa ou avaliação ortodoxa;
Ø
Oportunizar
o contato do aluno com diferentes gêneros literários;
Ø
O
aluno deve ter o direito de escolher o livro que deseja ler, que atende
melhor seus anseios e interesses.
|
Ø
Utilização
do texto literário para o ensino dos conteúdos programáticos determinados
pelos programas curriculares;
Ø
Práticas
de leitura rotineiras ( assentadas em leituras, interpretações, questionários
pré-definidos, produções textuais e correções direcionadas e autorizadas).
|
Reflexão sobre o discurso da professora
em sala de aula
A professora afirma ser apaixonada por
Literatura e lamenta o fato desta disciplina não ser trabalhada desde as séries
iniciais, pois, contribui bastante para o desenvolvimento intelectual do aluno.
Destaca a importância da Literatura na
formação do leitor, mas, reconhece que, na maioria das vezes, o ensino dos
textos literários é utilizado com o propósito de explorar termos estruturais e
gramaticais. E ressalta que na maioria das vezes, ou na sua totalidade, os
livros didáticos dispõem os textos literários, como pretexto, para trabalhar os
aspectos gramaticais.
Outra dificuldade enfrentada pela
professora refere-se ao acervo literário e inexistência de uma biblioteca
propícia à prática de leitura. Comenta a dificuldade que enfrenta, e diz,
também, que os alunos recorrem a resumos da internet por não terem obras
literárias à disposição.
No processo de formação de leitores
afirma ser, apenas, uma mediadora tendo como principal papel despertar o desejo
e o prazer pela leitura. “Para formamos leitores devemos propiciar condições para
que eles se formem, ou seja, cultivar a leitura; e deixar que os leitores, por
meio de sua criatividade e disponibilidade, façam sua escolha.”
Percebe-se que apesar das dificuldades, a professora
demostra prazer pela Literatura e atua com muita dedicação.
Considerações finais
O período de observação nos proporcionou
um contato direto com a realidade escolar quanto às práticas de leitura
literária; levando-nos a refletir um pouco mais acerca do papel da escola na
constituição de sujeitos-leitores.
Percebe-se que a questão da formação de
leitores ultrapassa “os muros da escola” e pressupõe uma análise apurada do
contexto brasileiro; traduzem-se na falta de condições políticas, sociais e
econômicas capazes de promoverem o acesso à leitura e a formação de leitores
brasileiros. Entretanto, a escola deve oportunizar situações nas quais os alunos
possam pensar e discutir o livro em suas mais variadas nuanças e desdobramentos,
contextualizando suas leituras com o mundo que os cerca.
Percebemos que temos um caminho árduo a
trilhar, se quisermos usar o texto literário na escola como algo prazeroso, que
forma leitores “para toda a vida”.
A n e x o s
Questionário
1-
Qual
o seu nome e por que escolheu ministrar aula de Literatura?
Eu
m chamo Edigessa do Lago Siqueira e trabalho com Português a mais de 8 anos.
2-
Que
tipo de material didático você utiliza nas suas aulas? O material foi preparado
por você ou adota algum livro didático? Que tipo de material a escola oferece?
Todos os alunos tem acesso ao material didático? Poderia fazer um comentário
sobre o material didático apresentado?
Em
sala de aula eu utilizo vários tipos de materiais... Desde material didático
material preparado por mim e pelos os alunos. O material que a escola oferece é
bom e todos os alunos o tem. É um
material rico e que pode ser explorado pelo professor para se obter
êxito nas aulas.
3-
Você
participa de algum projeto especifico na instituição que atua? Há projetos de
outros professores? Pode nos falar um pouco sobre esses projetos?
A
Unidade Escolar Hermínio Barreira desenvolve alguns projetos: um foi
desenvolvido recentemente, um projeto de matemática, aliás, um projeto nas áreas
das exatas e todos os professores participaram.
4-
Você
encontra dificuldades no trabalhe em equipe? Há dificuldades na região em que
você atua como professora? Poderia comentar?
Na
nossa escola é muito comum se realizar trabalhos em equipes e eu como educadora
não tenho nenhuma dificuldade em executá-lo em equipe. Sou comunicativa
dinâmica. Enfrentamos alguns problemas para realizar os trabalhos, mas nada que
não seja contornado.
5-
Você
enfrenta dificuldades junto aos alunos? De que natureza?
Se
eu falar que como professora eu não tenha encontrado nenhuma dificuldade com os
alunos em sala aula de aula estaria mentindo. Mas como já falei não há nada que
não seja resolvido.
6-
Quais
são as principais dificuldades encontradas em sua experiência profissional? Há dificuldades
especificas de Ensino Médio? Pode fazer comentários sobre as experiências?
Trabalho
em sala de aula há 8 anos e tenho passado por poucas e boas. Mas o que é
interessante é que eu sou muito apaixonada pelo meu trabalho com jovens de
Ensino Médio. E falo com segurança que todas as dificuldades que eu já passei
na educação não está relacionada ao Ensino Médio.
7-
Há
um professor de Literatura ou está inserida na disciplina de Língua Portuguesa?
A
disciplina Português andou por muito tempo desfragmentada, mas graças algumas mudanças adotadas por escritores
capacitados, hoje Literatura, Gramática e Redação andam juntos.
8-
Fale
um pouco sobre sua experiência em aulas de Literatura
Ah!
Minha experiência com Literatura é um mito. Eu não suportava a ideia de ser
professora de Português. Mas para minha surpresa formei-me na área
e hoje atuo com muita dedicação.
9-
Você
segue o planejamento ou dependendo dos questionamentos dos alunos a Literatura
surge a qualquer momento?
Nós
seguimos o livro. Ele já vem com uma sequência e pelo bem da turma seguimos
essa sequência.
10-
Que
análise você como professora faz do ensino da Literatura na educação básica e
como ela deve ser ministrada?
É
pena que ela não seja trabalhada desde as seres iniciais. Pois, a Literatura
assim como a Filosofia, Sociologia, Historia e outras disciplinas na área das
humanas ajudam e muito no desenvolvimento intelectual do estudante.
BIBLIOGRAFIAS
BRASIL, Secretária de Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/ SEF, 1998. v2.p.17-28.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Lei nº. 9.394/96.
CARDIA N. A. Violência Urbana na escola: Contemporaneidade educacional. v2 1994. p.48.
DELORES, Jacques (org) Educação: Um tesouro a descobrir. Relatório para a Unesco da comissão internacional sabre educação para o século XXI. São Paulo. Cortez/Brasília / MEC/Unesco, 2002. Capitulo II.
DEMO – Pedro. Aprender: O desafio reconstrutivo. Boletim técnico do SENAC. Rio de Janeiro. V 24. nº 3,7,10, 1998.
FREIRE. Paulo. Educação em Mudança. Petrópolis : Vozes. 1984. p.25.
_____________ A importância do ato de ler: em três capítulos que se completam. 35. ed. São Paulo: Cortez 1996. p.145.
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FREIRE. Paulo. Educação em Mudança. Petrópolis : Vozes. 1984. p.25.
_____________ A importância do ato de ler: em três capítulos que se completam. 35. ed. São Paulo: Cortez 1996. p.145.
O estágio como experiência é uma oportunidade de aprofundar os conhecimentos
e a capacidade criativa na resolução dos impasses
encontrados durante os estudos.
Parabéns ao grupo pelo excelente trabalho
Tutora
Maria Rosa