segunda-feira, 28 de outubro de 2013

ARTE DE AMAR- Ovídio Nasão


 Lançar-se à conquista amorosa é tarefa que cabe 
aos homens de coragem, ensinava o poeta Ovídio,em Arte de Amar.
Escrito há mais de dois mil anos, é ainda hoje uma cartilha 
pronta a usar para sedutores sedutoras hábeis no fingimento. 
Para este poeta do século I a.C. que "brinca ao amor", o casamento é apenas 
um contrato e a infidelidade é regra.
                                       
                                   O amor ensina-se? 

Há mais de dois mil anos, Ovídio achava que sim. Escreveu um manual para sedutores e sedutoras infiéis no casamento mas fieis ao hedonismo:"Arte de Amar". 
Embora a obra em questão seja um retrato de sua época, ela também apresenta inúmeros aspectos do relacionamento amoroso que ainda são válidos atualmente. 



'Arte de amar' é um título que procura seduzir por sua simplicidade e inquieta por sua ingenuidade. 
Pode-se perguntar se é necessário, útil ou conveniente ensinar esta arte, que parece evidente, fazendo parte dessas coisas tão compartilhadas e tão comuns a todos sem que seja preciso ensiná-las. 
Mas Ovídio busca não ensinar o sentimento, mas a habilidade; não o amor, mas a sedução. 
Reconcilia os dois sexos e dá à mulher sua participação e 
sua iniciativa neste jogo do qual séculos de 
'civilização' a excluíram.

O tema do amor foi abordado por diversos pensadores, desde a Antiguidade Clássica. Ovídio Nasão foi um importante escritor romano, o qual viveu entre a segunda metade do I século a.C e do século I d.C, além de ser contemporâneo a ilustres personagens da História de Roma, como o “príncips” Augusto e o poeta latino Virgílio. 


Pode-se perguntar se é necessário, útil ou conveniente ensinar esta arte, que parece evidente, fazendo parte dessas coisas tão compartilhadas e tão comuns 
a todos sem que seja preciso ensiná-las. 
Mas Ovídio não ensina o sentimento, mas a habilidade;não o amor, 
mas a sedução. Reconcilia os dois sexos e dá à mulher sua participação e sua iniciativa neste jogo sério e leviano do qual séculos de "civilização" a excluíram. 

"Muitas mulheres adoram o ilusório . Odeiam a avidez excessiva. Portanto  banque o difícil, Impeça o tédio de aumentar, e não deixe que suas súplicas soem  confiantes demais da posse. Insinue sexo  Camuflado de amizade. Já vi criaturas teimosíssimas Enganadas com este gambito, a troca de companheiro por garanhão."Ovídio
            
O livro é composto por três partes:
  • A primeira relata a arte de amar, ou seja, o amor é o que seduz, o que encanta a tudo e a todos.
  • A segunda fala de remédios do amor "o mesmo que ensinou a amar, vos ensinará como curar um amor que lhe trouxe decepções, veneno e antídoto".
  • A terceira mostra os cuidados que a mulher deve ter para manter a sua beleza tanto exterior, utilizando os produtos de beleza e, interior, principalmente da alma.

 Ao ler o livro, no processo de sedução, o homem é o caçador e a mulher é a presa. De tal forma que a mulher do século XXI se arrepia. 
Tudo é feito na lógica do homem. Mas depois, surpreende. 
Os conselhos que dá que têm a ver com uma certa igualdade na busca do prazer. 
No final do livro II, ele diz ao homem: "avançai para a meta ao mesmo tempo."
 E acrescenta que nada há melhor que homem e mulher terminarem estendidos e 
entorpecidos um ao lado do outro, por terem alcançado o prazer simultâneo. 
Esta teoria do orgasmo simultâneo surpreende. 
É a primeira vez que vejo alguém na antiguidade clássica preocupado com o prazer da mulher. 


A obra  Arte de Amar é um livro de ensinamentos que visava capacitar aos homens conquistar e a manter a sua amada, como também explicar a mulher como se fazer amar, por seu pretendente. Ovídio apresenta-se como um autor singular, em sua escrita poética na medida em que reivindica um prazer igualmente partilhado entre homem e mulher no que tange ao ato sexual. Ele ignorou o tabu social existente na cultura romana, que via o gênero feminino numa posição apenas de receber o prazer, de subserviência e da inferioridade. 


Se gostas de caçar,
 é sobretudo nos anfiteatros
que a caça é abundante.
Oferecem-te os teatros
muito mais do que possas desejar.
Aí encontrarás
desde o divertimento inconsequente
à mulher a quem amas realmente,
desde a amada que desejas conservar
àquela a quem apalpas fugazmente.
Ovídio


Observa-se que a compilação de conselhos acerca da arte de sedução e conquista permanece, em muitos aspectos, inalterada até os dias de hoje. Finalmente, a dimensão feminina talvez seja um dos mais curiosos aspectos presentes na obra de Ovídio, pois ele, contrariamente aos padrões vigentes na Roma da época, apresentou a mulher num patamar superior, como um agente  onipotente na arte de amar..Segundo ele, o amor não escolhe a pessoa, nem hora, nem lugar, ele chega e nos pega, e nos faz escravos.

"Enquanto ainda és livre e vais onde queres com 
rédea soltaescolhe aquela a quem possas dizer: 
“Só tu me agradas”. 
Todavia, ela não cairá nas tuas mãos, como trazida do céu por uma brisa,
 terás que buscar a mulher que encantará seus olhos."


O autor recomenda que, quem ainda não amou, que faça
 a leitura dessa obra maravilhosa 
" Arte de Amar".

 Uma das coisas que acho mais legais em ler textos antigos é perceber sua dose de
 atualidade. As pessoas de antigamente podem parecer épicas ou bárbaras, mas somos exatamente iguais a elas. A alma humana é a mesma: queremos conforto, 
temos dúvidas existenciais, preocupamo-nos com as pessoas próximas, 
refletimos sobre a vida e nos questionamos sobre o que vem depois. 
E, claro, nos preocupamos em saber com quem poderemos passar momentos
 românticos e agradáveis.

Tutora
Maria Rosa 

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