terça-feira, 26 de novembro de 2013

Prática Pedagógica Interdisciplinar IV - Disciplina do Bloco V


LITERATURA NA FORMAÇÃO DO LEITOR

"Quem me dera fossem minhas palavras escritas. 
Que fossem gravadas num livro, com pena de ferro 
e com chumbo.Para sempre fossem esculpidas na rocha! 
 (Jó 19:23/24)

O que é ...o que é...
Leitura? Leitor? Literatura? 

“As coisas que a literatura pode buscar e ensinar são poucas, mas 
insubstituíveis: a maneira de olhar o próximo e a si próprio, de 
relacionar fatos pessoais e fatos gerais (...); a literatura pode ensinar a 
dureza, a piedade, a tristeza, a ironia, o humor e muitas outras coisas 
assim necessárias e difíceis. (Italo Calvino)

Literatura é arte, poesia, cultura, sonho, realidade...
 É o desafio de transformar o comum em belo e tornar
 o inatingível em atingível.


O autor Antônio Cândido denomina literatura de forma simples e total. - Ele a vê como manifestação universal de todos os homens em todos os tempos. 

Chamarei de literatura de maneira mais ampla possível, todas as criações de toque poético, ficcional ou dramático em todos os níveis de uma sociedade; em todos os tipos de cultura, desde o que chamamos de folclore, lenda, chiste, e até as formas mais complexas e difíceis da produção escrita das grandes civilizações. (CANDIDO,p,112, 1989)


LEITURA

Gostar de Ler, ter prazer com a leitura, entregar-se a uma viagem pelos livros... são expressões que nos inspiram sentimentos semelhantes. Fazem pensar que a leitura é um processo que depende apenas de uma vontade inicial ou uma experiência vivida de forma livre, espontânea, que, para acontecer, precisa apenas de dois elementos: o livro e o leitor.

A tarefa de formar leitores supõe um trabalho permanente que supera 
o circunstancial e implica num acompanhamento contínuo. 
Um trabalho que requer a definição de objetivos, o planejamento
deestratégias, a avaliação permanente das ações, a revisão
 contínua dos objetivos iniciais, seja para reafirmá-los ou para
 ajustá-los à realidade e assim concretizar novas estratégias
 necessárias para a consecução das metas traçadas”.

O próprio ato da leitura consiste em aprender a perguntar. Lendo,
 estamos automaticamente perguntando a nós mesmos, ao livro, 
à linguagem, à cultura, a tudo e a todos, estamos formulando
 perguntas que nem sempre temos ocasião de fazer, que nem
 sempre temos consciência de que precisamos fazer.
 (Elogio da leitura)

Como se tornar um leitor? Só lendo!

Essa estimulação deve partir sempre da valorização do conhecimento de mundo que as crianças têm.  Numa sala heterogenia, há que se esperar todos os tipos de 
situações que o aluno traz. Essas situações devem ser valorizadas para 
que ele possa construir significado. Caso contrário, incorremos no
 erro de perder tempo passando informações que, para
 eles, não têm valor nenhum. Construir significado deve ser o
 objetivo de uma aula de leitura. 
Com certeza, essa aula vai ter um gosto de
 “quero mais”.


A leitura é a base de toda educação e uma habilidade importante para o desenvolvimento pessoal e profissional. Além de aumentar seu conhecimento, a leitura fortalece suas habilidades em gramática e alarga seu vocabulário. Mas, muitas vezes, ler pode ser algo difícil e cansativo, transformando-se até mesmo em frustração. As habilidades de uma pessoa na leitura, como a compreensão e velocidade, são diretamente relacionadas aos seus hábitos de leitura. Alguém que costuma ler raramente não terá facilidade em leituras mais complexas e que exigem maior concentração. 

Propósitos para uma boa Leitura



CONCEPÇÕES DE LEITURA E O DESAFIO DE SER LEITOR

Há três concepções de leitura:

A leitura é entendida como processo de decifração da escrita. Ler é identificar sinais gráficos, o som e o sentido. Nesta concepção, a leitura é a decifração da escrita. MARTINS (1982, p.9) a define “ como um gesto mecânico de decifrar sinais.

A leitura é entendida como processo de compreensão, adotando aspectos cognitivos pelos quais extraímos o sentido do texto. A leitura deixa de ser um objeto mecânico. Nesta concepção o processo de leitura extrapola o processo de decifrar explorando também a cognição.

A  leitura é vista como um processo de interpretação. É um fenômeno social. Ler é interpretar com os próprios olhos, a partir de uma perspectiva e da experiência pessoal.




Literatura na Formação do Leitor

Segundo Sonia Kramer, é importante observar a distinção entre vivência e experiência: na vivência, há mera reação aos choques da vida cotidiana, a ação se esgota no momento de sua realização (por isso é finita); na experiência, o que é vivido é pensado, narrado, a ação é contada a um outro, compartilhada, se tornando infinita. Esse caráter histórico, de ir além do tempo vivido e de ser coletivo, constitui a experiência. Mas o que significa entender a leitura e a escrita como experiência? (…) Quando penso na leitura como experiência (…) refiro-me a momentos em que fazemos comentários sobre livros ou revistas que lemos, trocando, negando, elogiando ou criticando. O que faz da leitura uma experiência é entrar nessa corrente onde a leitura é partilhada. Leitura deve ser acompanhada de prazer.

                         

No Brasil, ocorrem problemas no que se refere à constituição de sujeitos leitores. O hábito e o prazer de ler estariam, desta forma, sofrendo sérias restrições.


Formamos leitores ou eles se formam?

O desenvolvimento do gosto/prazer pela leitura, visando à formação integral do leitor, tornou-se um constante desafio, difícil de superarmos em função, sobretudo, de práticas de leitura desiguais, no que diz respeito ao acesso e às formas de se conceber e de se produzir a leitura.

Saber ler não é suficiente para transformar uma nação. 
É preciso ler mais.
E leitores são formados, basicamente, com literatura. Isso porque a literatura é a palavra expressa em arte, alimento essencial do imaginário.”


Para formarmos leitores, precisamos ter prazer; o prazer da audição, de se encontrar consigo mesmo, de ser ator e espectador, mesmo que ela ainda não saiba ler. Daniel Pennac, em seu livro Como Um Romance, revela-nos os dez direitos imprescritíveis de um leitor:

 1. O direito de não ler.
 2. O direito de pular páginas.
 3. O direito de não terminar um livro.
 4. O direito de reler.
 5. O direito de ler qualquer coisa.
 6. O direito ao bovarismo (doença textualmente transmissível).
 7. O direito de ler em qualquer lugar.
 8. O direito de ler uma frase aqui e outra ali.
 9. O direito de ler em voz alta
10. O direito de calar.


É importante que esses direitos estejam incorporados às práticas cotidianas do leitor, propiciando-lhe informações culturais e oportunidade de se apaixonar pelas leituras e pelos livros, dando alimento à sua imaginação. Proporcionando o máximo de conforto e liberdade, pretende-se despertar o desejo e o prazer de ser um verdadeiro leitor.



Portanto, no processo de formação de leitores, estes SE FORMAM, 
a partir de sua realidade local, do papel fundamental 
desempenhado pelo contexto e pelas experiências 
prévias na constituição do leitor

Não compete à escola didatizar a leitura, quando empreende a tarefa de formação de leitores, também não lhe deve competir a de pedagogizar o texto literário, muito menos a de encerrá-lo apenas nos muros dos livros didáticos. Em outras palavras, livros à mão cheia é o que a escola precisa cultivar, e deixar que os leitores, por meio de sua criatividade e disponibilidade, façam as suas escolhas!

Fechado, um livro é literal e geometricamente um volume, 
uma coisa  entre outras. Quando um livro é aberto e
 se encontra com o seu  leitor, então ocorre o fato
 estético. Deve-se acrescentar que um mesmo
 livro muda em relação a um mesmo leitor, 
já que mudamos tanto.

Grande parte das crianças e dos jovens só tem acesso a livros de literatura quando ingressa na escola. Cabe, então, a esses espaços de leitura a promoção de condições que possibilitem o contato pleno com os livros, preparando o caminho para a leitura literária que se quer ampliada a cada ano da escolaridade. Sabe-se que essa preparação é fundamental para o prosseguimento do gosto pela leitura literária nos anos seguintes ao da formação inicial

Cabe a nós, estarmos conscientes da importância da Literatura, é nosso papel de amparar, reerguer, reavivar os sentimentos, valores e atitudes que poderão renovar a confiança em dias melhores.Várias são as formas de reconduzir o barco da Literatura na direção do sucesso da aventura humana, uma delas é lançando um olhar mais atento às grandes histórias e seus ensinamentos com maior competência.

De um modo geral, as obras literárias têm como uma de suas peculiaridades a capacidade de romper a barreira do tempo e do espaço, preservando uma impressionante atualidade. Os grandes clássicos da Literatura, por exemplo, recebem essa denominação por retratar em suas narrativas, grandes questões universais com a habilidade, o talento



O gosta pela leitura vem de um processo que se inicia no lar. 
Mesmo antes da aprendizagem da leitura, a criança
 aprecia o valor sonoro das palavras
Aprende a Gostar

Segundo Paulo Freire (1981), o ato de ler é importante, pois demonstra uma maneira particular de ler o mundo. A maneira como enxergamos o mundo se modifica quando adquirimos o hábito da leitura, pois a leitura verdadeira é a que relê a realidade, ou seja, revela uma visão crítica sobre o mundo. A leitura do mundo não surge com a prática de leitura de textos, a leitura do mundo como dizia Paulo Freire (1981) antecede a leitura da palavra. Assim, antes mesmo de alguém ler uma palavra, já existe uma leitura de mundo que irá basear a leitura da palavra.

Já disse Orlandi (1996) citando Rimbaud “que todo texto pode 
significar tudo, há uma determinação histórica que faz com que só alguns 
sentidos sejam 'lidos' e outros não”. Com isso, podemos entender que
 essa determinação histórica é a cultura que transforma nossos olhos em 
grandes lentes no qual enxergamos o mundo. 


Para amar um livro e a leitura é necessário que aquela leitura “toque” o leitor em algum momento, para isso ocorrer deve fazer relação com sua vida. O leitor só passará a se apaixonar pelos livros a partir do momento que isso lhe suscitar emoções, ou seja, uma leitura sem sentido, somente para realização de provas não forma leitores. 
.
A melhor maneira de começar a sonhar é por meio dos livros...


Leitores e Literatura na Escola

Como pensar as relações entre literatura e escola em tempos como os nossos?
É possível (e mais: é desejável) potencializar a 
literatura na formação de crianças 
e jovens, pela via educacional?
Que mudanças são necessárias? 
O que sabemos, podemos e queremos em 
relação às práticas escolares
 atinentes à literatura? 
Qual o papel da literatura na educação e, particularmente, na escola? 

Nas últimas quatro décadas, tem havido intensa discussão sobre literatura e educação e uma crítica ferrenha às práticas escolares de (não)leituras literárias. 

Ao contrário do ensino de língua — que, aos poucos, vai se renovando —, a literatura na escola resiste às mudanças e se vê relegada a lugar secundário e sem força na formação das crianças, dos adolescentes e dos jovens. O que se ensinaria se de fato se “ensinasse literatura”? 

O que se ensina hoje na escola quando se ensina literatura, tendo como premissa que, quando dizemos “literatura”, estamos pensando no texto literário e não em outra coisa — 




Como virar um leitor

Não existe um caminho único para se tornar um leitor literário. Você pode começar
 por textos simples do ponto de vista linguístico e depois passar para os
 mais complexos - ou iniciar por temas próximos e partir 
para os mais distantes. "E há os que preferem os 
grandes desafios desde o princípio porque sabem 
que eles têm algo a oferecer,nem que
 seja a estranheza",

Um bom caminho para alavancar o gosto pelos livros é procurar uma comunidade de leitores (podem ser os professores da escola, os amigos, os parentes - o importante é encontrar gente que goste de ler). Ao compartilhar as impressões sobre uma leitura passamos a saber os significados que a obra tem para os outros, o que enriquece nosso repertório". Outra vantagem desse diálogo permanente é a troca de indicações de textos e autores.


O leitor literário lê por razões variadas: rir, refletir, investigar, 
relembrar, chorar e até sentir medo. 
Lê porque mergulha no que autores e personagens pensam e sentem - 
no passado, presente ou futuro, em lugares distantes ou que nem sequer existem.
Lê porque as narrativas literárias o ajudam a refletir sobre a vida e a 
construir significados para ela.

Um bom leitor para mim é aquele que não se preocupa com quantidade (...) Ele apenas lê e lê por prazer, porque gosta do hábito da leitura, e nunca por obrigação. 


LEITOR, LEITURA E ESCOLA:
 CONCEPÇÕES DE MEDIADORES DE LEITURA 


O espaço escolar não deve ser considerado sozinho como responsável pela formação do leitor, tampouco como único lugar onde haja uma mediação de leitura estimulante, visto que essa mediação pode e deve ser exercida em outros espaços, como o familiar, eclesiástico, empresarial, entre outros. Contudo, ainda se percebe a importância e responsabilidade da escola na formação de leitores, em especial daqueles que não possuem outros modelos de leitura adequados, como os alunos provenientes das classes socioeconomicamente menos favorecidas. 

Acredita-se que “a escola, pelo menos nas últimas 
décadas e para grande parte da população brasileira, 
tem-se constituído na principal via de acesso
 à leitura e à escrita  (...)”. 




A literatura infantil, segundo a teoria da literatura, realiza a função formadora 
do leitor crítico, já que essas obras apresentam qualidade literária, 
e que a partir dessa literatura o leitor vai tomar consciência
 do que é real ou imaginário, e a partir dessa consciência, 
ele vai perceber todas as possibilidades 
existentes em um texto literário


De acordo com Bamberguerd (2000) a criança que lê com maior desenvoltura se interessa pela leitura e aprende mais facilmente, neste sentido, a criança interessada em aprender se transforma num leitor capaz. Sendo assim, pode-se dizer que a capacidade de ler está intimamente ligada a motivação. Infelizmente são poucos os pais que se dedicam efetivamente em estimular esta capacidade nos seus filhos. Outro fator que contribui positivamente em relação à leitura é a influência do professor. Nesta perspectiva, cabe ao professor desempenhar um importante papel: o de ensinar a criança a ler e a gostar de ler..

A convivência da criança com a literatura faz com que seja desde muito cedo adquirido o gosto ou pelo menos o interesse da criança para com a literatura e que com esse despertar surja desde criança um leitor e não um mero reprodutor de textos literários.

A literatura abre possibilidades para a criança ir se constituindo, ao mesmo tempo, alfabetizada e leitora uma vez que respeitando a idade, o ritmo e o nível de
 aceitação da obra, considerando sua história individual, a criança mais
 cedo ou tarde fará sua ligação do cotidiano e suas inferências.

 O mais importante é o professor estar bem preparado para ser o mediador entre o leitor e o livro literário. É preciso mostrar para o seu aluno o quanto é importante que após a leitura de qualquer texto que seja, que ele tenha uma opinião formada
A participação da família se torna importantíssima na formação desse leitor, a participação do pai ou mãe juntamente com a escola fortalece muito mais essa interação, deixando a criança encorajada, de forma que ao ler determinado texto a sua opinião seja ouvida, que não é apenas o professor que tem a resposta certa e sim que ao ler, ele também terá sua opinião válida.

Portanto, o professor tem que ser o mediador dessa formação do leitor
 literário, que carrega uma obrigação de estar sempre pesquisando
 e principalmente lendo, pois com isso, ele passará aos seus 
alunos e futuros leitores a percepção
 de que ler é uma coisa boa e não apenas 
uma obrigação escolar.

Um leitor competente é alguém que, por iniciativa própria, é capaz de selecionar, dentre os trechos que circulam socialmente, aqueles que podem atender a uma necessidade sua. Que consegue utilizar estratégias de leitura adequada para abordá-los de forma a atender a essa necessidade.

                               




Ainda acabo fazendo livros onde
 nossas crianças possam morar.
 (Monteiro Lobato) 

Óculos de leitura: A literatura e os leitores jovens





O “crescimento” dos leitores não corresponde exatamente à faixa etária, mas ampliação de repertórios de leitura literária construídos desde a infância, passando pela adolescência e chegando à juventude, de acordo com interesses múltiplos que abrangem os formais, os de gêneros, os de temáticas preferidas, sem rupturas nitidamente demarcadas que separariam essas fases da vida em etapas estanques.

É ainda possível chorar sobre as páginas 
de um livro, mas não se pode derramar lágrimas 
sobre um disco rígido."
- José Saramago -


Ler é conhecer lugares que nunca esteve, é viver coisas do passado ou mesmo
 vislumbrar junto com personagens um futuro. Lembrem-se, o aprendizado da 
leitura é um processo infinito que é configurado pelo contato com livros. 
A prática da leitura faz do leitor buscar cada vez mais
 complexidade para o crescimento de nossa capacidade de 
interpretação e abstração. Na leitura identificamos 
personagens, lugares e diversas estórias.

Tutora
Maria Rosa

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