Lançar-se à conquista amorosa é tarefa que cabe
aos homens de coragem, ensinava o poeta Ovídio,em Arte de Amar.
Escrito há mais de dois mil anos, é ainda hoje uma cartilha
pronta a usar para sedutores e sedutoras hábeis no fingimento.
Para este poeta do século I a.C. que "brinca ao amor", o casamento é apenas
um contrato e a infidelidade é regra.
O amor ensina-se?
Há mais de dois mil anos, Ovídio achava que sim. Escreveu um manual para sedutores e sedutoras infiéis no casamento mas fieis ao hedonismo:"Arte de Amar".
Embora a obra em questão seja um retrato de sua época, ela também apresenta inúmeros aspectos do relacionamento amoroso que ainda são válidos atualmente.
'Arte de amar' é um título que procura
seduzir por sua simplicidade e inquieta por sua ingenuidade.
Pode-se perguntar
se é necessário, útil ou conveniente ensinar esta arte, que parece evidente,
fazendo parte dessas coisas tão compartilhadas e tão comuns a todos sem que seja preciso ensiná-las.
Mas Ovídio busca não ensinar o sentimento, mas a
habilidade; não o amor, mas a sedução.
Reconcilia os dois sexos e dá à mulher
sua participação e
sua iniciativa neste jogo do qual séculos de
'civilização' a
excluíram.
O tema do amor foi abordado por diversos pensadores, desde a Antiguidade Clássica. Ovídio Nasão foi um importante escritor romano, o qual viveu entre a segunda metade do I século a.C e do século I d.C, além de ser contemporâneo a ilustres personagens da História de Roma, como o “príncips” Augusto e o poeta latino Virgílio.
Pode-se perguntar se é
necessário, útil ou conveniente ensinar esta arte, que parece evidente, fazendo
parte dessas coisas tão compartilhadas e tão comuns
a todos sem que seja
preciso ensiná-las.
Mas Ovídio não ensina o sentimento, mas a habilidade;não o
amor,
mas a sedução. Reconcilia os dois sexos e dá à mulher sua participação e sua iniciativa neste jogo sério e leviano do qual séculos de "civilização" a excluíram.
mas a sedução. Reconcilia os dois sexos e dá à mulher sua participação e sua iniciativa neste jogo sério e leviano do qual séculos de "civilização" a excluíram.
"Muitas mulheres adoram o ilusório . Odeiam a avidez excessiva. Portanto banque o difícil, Impeça o tédio de aumentar, e não deixe que suas súplicas soem confiantes demais da posse. Insinue sexo Camuflado de amizade. Já vi criaturas teimosíssimas Enganadas com este gambito, a troca de companheiro por garanhão."Ovídio
- A primeira relata a arte de amar, ou seja, o amor é o que seduz, o que encanta a tudo e a todos.
- A segunda fala de remédios do amor "o mesmo que ensinou a amar, vos ensinará como curar um amor que lhe trouxe decepções, veneno e antídoto".
- A terceira mostra os cuidados que a mulher deve ter para manter a sua beleza tanto exterior, utilizando os produtos de beleza e, interior, principalmente da alma.
Ao ler o livro, no processo de sedução, o homem é o caçador e a mulher é a presa. De tal forma que a mulher do século XXI se arrepia.
Tudo é feito na lógica do homem. Mas depois, surpreende.
Os conselhos que dá que têm a ver com uma certa igualdade na busca do prazer.
No final do livro II, ele diz ao homem: "avançai para a meta ao mesmo tempo."
E acrescenta que nada há melhor que homem e mulher terminarem estendidos e
entorpecidos um ao lado do outro, por terem alcançado o prazer simultâneo.
Esta teoria do orgasmo simultâneo surpreende.
É a primeira vez que vejo alguém na antiguidade clássica preocupado com o prazer da mulher.
A obra Arte de Amar é um livro de ensinamentos que visava capacitar aos homens conquistar e a manter a sua amada, como também explicar a mulher como se fazer amar, por seu pretendente. Ovídio apresenta-se como um autor singular, em sua escrita poética na medida em que reivindica um prazer igualmente partilhado entre homem e mulher no que tange ao ato sexual. Ele ignorou o tabu social existente na cultura romana, que via o gênero feminino numa posição apenas de receber o prazer, de subserviência e da inferioridade.
Se gostas de caçar,
é sobretudo nos anfiteatros
que a caça é abundante.
Oferecem-te os teatros
muito mais do que possas desejar.
Aí encontrarás
desde o divertimento inconsequente
à mulher a quem amas realmente,
desde a amada que desejas conservar
àquela a quem apalpas fugazmente.
Ovídio
Observa-se que a compilação de conselhos acerca da arte de sedução e conquista permanece, em muitos aspectos, inalterada até os dias de hoje. Finalmente, a dimensão feminina talvez seja um dos mais curiosos aspectos presentes na obra de Ovídio, pois ele, contrariamente aos padrões vigentes na Roma da época, apresentou a mulher num patamar superior, como um agente onipotente na arte de amar..Segundo ele, o amor não escolhe a pessoa, nem hora, nem lugar, ele chega e nos pega, e nos faz escravos.
"Enquanto ainda és livre e vais onde queres com
“Só tu me agradas”.
Todavia, ela não cairá nas tuas mãos, como trazida do céu por uma brisa,
terás que buscar a mulher que encantará seus olhos."
O autor recomenda que, quem ainda não amou, que faça
a leitura dessa obra maravilhosa
" Arte de Amar".
Uma das coisas que acho mais legais em ler textos antigos é perceber sua dose de
atualidade. As pessoas de antigamente podem parecer épicas ou bárbaras, mas somos exatamente iguais a elas. A alma humana é a mesma: queremos conforto,
temos dúvidas existenciais, preocupamo-nos com as pessoas próximas,
refletimos sobre a vida e nos questionamos sobre o que vem depois.
E, claro, nos preocupamos em saber com quem poderemos passar momentos
românticos e agradáveis.
Maria Rosa
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